Projeto
Inclusão no trânsito
Estão abertas as inscrições do curso Ensinando para a Vida no Trânsito, voltado aos deficientes auditivos
Carlos Queiroz -
Um projeto que surgiu do desejo dos alunos da Escola Especial Professor Alfredo Dub pela inclusão no trânsito, o Ensinando para a Vida no Trânsito é uma iniciativa do educandário em conjunto com a prefeitura de Pelotas. O curso será formado por uma série de módulos ministrados pelos agentes de trânsito da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (STT) e pelas professoras intérpretes da Língua Brasileira de Sinais - Libras. As aulas vão abordar os deveres dos condutores, bem como a explicação e a tradução de sinais e placas das vias.
Alfabetizados na linguagem gestual e visual de Libras, os deficientes auditivos têm a Língua Portuguesa como um idioma estrangeiro, conforme explicou a diretora do Alfredo Dub, Fabiane Bohm. “Eles não foram naturalizados nessa língua”, ressaltou. Nesse sentido, as aulas dos Centros de Formação de Condutores (CFCs) - que antecedem a retirada da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) - são um obstáculo às pessoas com deficiência auditiva, devido à falta de intérpretes e de uma comunicação acessível. Esse tipo de experiência já foi vivida por muitos dos alunos da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da escola. Dentro da sala de aula, os estudantes aprendem os dois idiomas, mas a língua principal do país precisa de uma metodologia específica para melhor compreensão, oferecida pelas professoras do colégio. Segundo Fabiane, a diferença quanto à leitura e à compreensão do idioma atrapalha o aprendizado das leis e regras de trânsito.
Quando enviado à STT, o projeto foi bem recebido e logo começaram as reuniões para articulação e preparação das aulas. Todavia, tanto Flávio Al Alam, que está à frente da pasta, como a diretora, ressaltam: o conjunto de palestras é um preparatório para as aulas de trânsito e não serve como um substituto dos centros de formação. “Não é uma concorrência”, pontua Al Alam. A STT possui um departamento próprio voltado à educação em meio às vias e sinaleiras. As ações também reúnem os alunos de Ensino Fundamental, periodicamente, com o projeto Escolinha de Trânsito, a fim de passar noções básicas e lições sobre o bom convívio entre veículos e pedestres. O projeto Educando para a Vida no Trânsito tem como objetivo as aulas sobre sinalização, regras básicas e o dia a dia do trânsito. Entre os quatro agentes da Secretaria que serão encaminhados para as aulas, três já trabalhavam no setor.
De acordo com o Detran/RS, durante o processo de retirada da CNH os surdos podem solicitar aos CFCs a presença de um profissional especializado na Língua de Sinais, fator essencial para o entendimento das aulas e para a realização das provas. Procurado pela reportagem do Diário Popular, um dos centros de formação instalados na cidade diz que não possui intérprete para as aulas. “É um erro muito grave”, admite um dos funcionários. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) permite que surdos com deficiência igual ou superior a 40 decibéis tirem a carteira nas categorias A e B, para conduzir motos e carros de passeio, em quaisquer estabelecimentos regulamentados pelo Detran. Para solicitar o título especial é preciso que o interessado tenha 18 anos, seja alfabetizado e encaminhe os documentos de identificação. Segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 9,8 milhões de brasileiros são deficientes auditivos.
Curso gratuito
As aulas do projeto ministrado pela escola especial se iniciam na próxima quinta-feira, dia 4. A exemplo dos cursos, as inscrições são gratuitas e podem ser feitas na coordenação pedagógica da Alfredo Dub, localizada à rua Zola Amaro, 379, ou pela página do Facebook do educandário.
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